Desenvolvendo Liderança baseada em Propósito

“Investir em recursos humanos e potencial de liderança para desenvolver vantagem competitiva sustentável.” – por Rajeev Dubey

Recursos Humanos (RH) são frequentemente considerados como uma função de suporte de uma organização – raramente são convidados para sentar-se na mesa estratégica. Mas restringir o RH às tarefas administrativas e a uma função de economia de custos é uma visão limitada e restringe a inovação e a entrega de valor do negócio.

Em vez disso, o RH precisa ser posicionado como um parceiro comercial estratégico, essencial para a criação de uma vantagem competitiva sustentável e um motor para o desempenho comercial.

O Grupo Mahindra cresceu de menos de meio bilhão de dólares em faturamento anual no final dos anos 1990 e no início dos anos 2000, para receitas atuais de mais de US $ 16,5 bilhões.

A capitalização de mercado aumentou 80 vezes na última década. Esse tipo de crescimento exigiu investir e desenvolver uma forte equipe de liderança central.

Uma das principais iniciativas que o Grupo empreendeu em 2009 foi a implementação de um grande programa de gestão de mudança, ‘Mahindra Rise’, que se tornou a base de seu ecossistema de talento e liderança. ‘Ascensão’ busca criar um desempenho superior de negócios sustentado e vantagem competitiva por meio de uma transformação cultural que se baseia em três atitudes, que chamamos de ‘Pilares de Ascensão’:

Essa estrutura orienta todas as nossas iniciativas de negócios e capital humano e, em seu cerne, está o desencadeamento do potencial humano por meio do empoderamento e da promoção de mudanças positivas, tanto dentro da organização quanto no ecossistema mais amplo em que operamos.

Isso aumenta a produtividade total dos fatores de nosso capital humano e é uma proposta de valor atraente na criação da cultura Rise.

O papel da cultura

A cultura corporativa desempenha um papel vital na formação do comportamento organizacional. Ele reflete a ética e os valores essenciais da empresa e é a base de como os funcionários tomam decisões de negócios de longo prazo e do dia a dia. Ter o tipo certo de cultura é, portanto, fundamental para garantir escolhas e comportamentos que reflitam os valores essenciais do negócio, levando em consideração todas as partes interessadas e contribuindo para um desempenho superior sustentável do negócio.

Mas para moldar o comportamento e capacitar as decisões produtivas que estão em linha com os valores e padrões éticos da empresa, a cultura da empresa precisa ser abrangente.

Os valores essenciais de uma empresa devem, portanto, estar alinhados a todas as alavancas de RH e funções corporativas para criar características compartilhadas em toda a organização. Isso inclui o desenho do trabalho, a estrutura organizacional, o processo de recrutamento e indução, o sistema de gestão de desempenho processo de recrutamento e indução, o sistema de gestão de desempenho, as estratégias de comunicação e o sistema de gestão de talentos. Esses valores devem então se tornar sinônimos de cultura e identidade corporativa, o que acaba afetando o comportamento diário dos funcionários. Não é suficiente se concentrar em apenas uma ou duas partes das funções da empresa. O que se deseja é uma abordagem holística que maximize as chances de criar a intenção, atitude e comportamento resultante entre os funcionários.

Então, por exemplo, se quisermos criar uma cultura de inovação onde o ‘pensamento alternativo‘ é encorajado – mas apenas a alavanca de avaliação anual está alinhada a este objetivo, e outras alavancas como comunicação, gestão de talentos e recrutamento não estão incluídas – torna improvável a criação tal organização onde o pensamento alternativo é amplamente praticado no comportamento diário e na tomada de decisões. Portanto, toda a estrutura organizacional precisa ser voltada para a inovação em todas as atividades.

Esse é um dos principais motivos pelos quais um número crescente de empresas está abandonando suas antigas burocracias de comando e controle e, em vez disso, estão adotando um modelo mais descentralizado. O princípio básico é que estruturas mais planas e descentralizadas são mais ágeis, responsivas e adaptáveis, o que ajuda a criar maiores sinergias multifuncionais e inovação.

No entanto, também pode dificultar a implementação de uma estratégia altamente focada, pois a capacidade de comandar e dirigir tropas é mais desafiadora quando descentralizada.

Esse tipo de abordagem holística de sistemas requer liderança comprometida e capacitada, e o tipo certo de cultura coesa para manter tudo unido.

Para que o RH adote um papel de liderança holístico e gere um maior alinhamento multifuncional, ele não pode se dar ao luxo de operar em um silo – como costuma fazer – porque não será capaz de inculcar o tipo certo de cultura que possibilite uma vantagem competitiva sustentável.

Como os líderes influenciam a cultura?

Existem cinco qualidades de liderança que são absolutamente críticas para capacitar os líderes a incutir e influenciar o tipo certo de cultura e capacitar os funcionários: pensamento completo, multiplicadores de engajamento, inovação, atenção plena e autenticidade. A Mahindra tem várias maneiras de medir e desenvolver essas características. Um teste psicométrico personalizado, desenvolvido para nós pela SHL (líder global em medição de talentos), avalia essas cinco qualidades de liderança. Mas, o mais importante, procuramos evidências anedóticas durante as avaliações anuais de feedback de 360 ​​graus. Também comunicamos à organização o valor dessas características.

PENSAMENTO DO CÉREBRO INTEIRO

A primeira qualidade crítica que os líderes devem ter é combinar perfeitamente o pensamento esquerdo e direito do cérebro em qualquer situação. Pessoas que fazem isso são boas com as pessoas, mas também sabem lidar com números. Eles podem pensar de forma criativa e analítica; eles têm fortes quocientes intelectuais e emocionais. Em essência, eles usam todo o cérebro.

O pensamento do cérebro inteiro é desenvolvido em grande parte por meio da exposição. Todos os anos, na Mahindra, 30 de nossos funcionários seniores vão para um retiro de uma semana em uma importante escola de negócios. Este é um programa customizado criado em conjunto com o corpo docente que usa estudos de caso de negócios e traz palestrantes convidados que exibem as qualidades de liderança que procuramos desenvolver. Em seguida, trazemos de volta para a Mahindra Leadership University, uma universidade virtual com ofertas simultâneas online e offline, para incentivar ainda mais nosso pessoal a desenvolver o pensamento do cérebro inteiro.

Uma maneira de fazer isso é tirar essas discussões da sala de aula. Por exemplo, podemos ter uma discussão que relaciona Shakespeare ao pensamento estratégico enquanto ouve jazz ao vivo em um jantar em uma galeria de arte. Para aqueles de nós que estão acostumados com as experiências estreitas da vida corporativa monótona, algo assim se torna uma experiência de cérebro inteiro. Isso nos ajuda a formar líderes que se sintam tão à vontade para falar sobre música, literatura e arte tanto quanto sobre private equity e múltiplos financeiros – e relacionar tudo com os negócios. Incentiva o pensamento que pode puxar ideias de qualquer direção.

MULTIPLICADORES DE ENGAJAMENTO

Em segundo lugar, os líderes devem ser multiplicadores de engajamento, paixão e propriedade – ao contrário do antigo estilo de comando e controle. Em vez de dar respostas, eles precisam fazer perguntas e, portanto, ser bons ouvintes, respeitosos com as ideias das outras pessoas. Não queremos líderes que acham que sabem melhor e digam aos outros o que fazer. Quando os líderes estão abertos à opinião externa e fazem perguntas, eles incentivam conversas ricas que produzem respostas diferentes e novas ideias. Isso inculca ainda mais a liderança, pois os funcionários se sentem mais à vontade para compartilhar suas ideias e assumir a responsabilidade.

INOVAÇÃO

A terceira qualidade de liderança apoia a inovação. Os líderes precisam encorajar uma cultura de assumir riscos e inovar, o que envolve saber como gerenciar o medo do fracasso – o inimigo da inovação. O fracasso não deve ser penalizado, mas sim usado como uma ferramenta de aprendizado e aproveitado para criar o sucesso.

Por exemplo, a Mahindra tem um negócio vertical que lida com carros usados ​​multimarcas. Estava indo mal, então testamos vários novos modelos de negócios, permitindo-nos cometer erros. Através de experimentação e persistência, fomos capazes de desenvolver um negócio híbrido de ‘clique e tijolo’ de sucesso. Hoje Mahindra está usando análise de dados e algoritmos para redefinir esse setor, que antes era desorganizado, com muito pouca informação estruturada disponível.

ATENÇÃO PLENA

A quarta qualidade é a atenção plena (mindfullness). Os líderes precisam ter a capacidade de se aprofundar no fluxo, estar totalmente no “aqui e agora” e estar abertos a todas as possibilidades de criação de valor. Assim, quando os líderes encontram alguém, eles dão-lhe toda a atenção, sinalizando que estão ouvindo e engajados. Quando atento, a conversa sobe para um nível mais significativo.

Quando o líder se torna tão engajado, outros são atraídos e seu foco é aumentado, o que pode impactar positivamente o desempenho geral.

AUTENTICIDADE

Então, por exemplo, se queremos criar uma cultura de inovação onde Autenticidade A quinta qualidade de liderança, e o mais importante, é criar uma cultura de confiança, onde as pessoas confiam no líder e o líder, por sua vez, confia em seu povo. O mais importante é a autenticidade e a credibilidade, “fazer o que fala“, por assim dizer. Se os líderes são pessoas verdadeiras, não há como adivinhar seu significado. A autenticidade e a genuinidade devem ser desenvolvidas encorajando os líderes a serem eles mesmos – com relação aos seus pontos fortes e fracos. Os líderes não devem ter vergonha de dizer: “Desculpe, cometi um erro e estou corrigido“. Isso encoraja os outros a se abrirem e falarem, o que aumenta a quantidade e a qualidade do diálogo.

Juntas, essas qualidades são essenciais para que os líderes capacitem outras pessoas e criem o tipo certo de cultura inovadora. Mas as qualidades de liderança podem não ser necessariamente inatas e, em alguns casos, precisam ser desenvolvidas. E tão importante quanto, os funcionários também devem aceitar a capacitação (empowerment). Então, o que o RH pode fazer para inculcar liderança que promove o ‘tipo certo de cultura’ que permite uma vantagem competitiva sustentada?

Construindo líderes e investindo em talentos

Surpreendentemente, muitos funcionários têm dificuldade em aceitar a capacitação e ascensão – afinal, é muito mais seguro fazer o que é dito -, mas o maior motivo é que eles não estão acostumados com isso. O sistema educacional, especialmente na Índia, não cria o nível de habilidades que precisamos para os recrutas começarem a trabalhar imediatamente. Esse é um fator importante a se ter em mente ao recrutar, e é preciso haver uma visão estratégica na hora de adquirir talentos.

Na Mahindra, agora estamos nos concentrando não apenas nas habilidades, mas no potencial que as pessoas trazem para a organização. Há, de fato, uma tendência no espaço de gestão de talentos de olhar mais de perto o potencial versus conjuntos de habilidades adquiridas. No entanto, isso exige um processo de seleção e recrutamento muito mais rigoroso, pois os critérios de avaliação são significativamente mais matizados.

Nosso objetivo final é buscar futuros líderes, portanto, estamos desenvolvendo todo um ecossistema que criará talentos qualificados, bem como mentalidades de liderança. Isso resultou em uma mudança de uma abordagem transacional de curto prazo para atender às necessidades organizacionais para colocar muito mais ênfase no desenvolvimento do capital humano de longo prazo alinhado à nossa estratégia de negócios.

Fazemos isso por meio de um sistema robusto de gestão de talentos com RH atuando como guardião do processo. Tentamos manter um modelo 70-20-10, ou seja, 70 por cento de ênfase em aprender fazendo (por exemplo, por meio das atribuições de trabalho com a gestão fornecendo bastante autonomia para futuros líderes), 20 por cento em coaching e mentoring e os 10 por cento restantes em treinamento formal. Essa arquitetura exige que nossos líderes de negócios se envolvam fortemente no processo de gestão de talentos.

Este modelo não é novo e a maioria dos profissionais de RH concorda com seus princípios. No entanto, raramente é executado. Muitas pessoas na área ainda tendem a colocar muita ênfase na educação formal, provavelmente porque ela é facilmente medida. Mas experiência, coaching e mentoring são muito mais importantes. As empresas precisam reconhecer o poder das oportunidades ‘70-20 ’, que não são caras e fora de alcance, mas exigem foco e dedicação. Os retornos podem ser significativos, desde que feitos de forma estratégica.

Como a Mahindra faz isso

Enquanto queremos fortalecidos e líderes inspirados, devemos também reconhecer que a competência de nossa equipe de liderança é essencial para o sucesso. Nossa abordagem para desenvolver e manter a competência é estruturada em três ângulos. O primeiro é da perspectiva da própria organização. Avaliamos nossas estratégias de negócios de longo prazo e identificamos as competências necessárias para realizar as metas e objetivos da empresa. Se não temos essas competências agora, como podemos criá-las? O segundo é olhar para nosso pipeline de talentos e compará-lo com nossas posições críticas para verificar se o pipeline é adequado para preencher essas posições. Esses dois primeiros ângulos são da perspectiva organizacional. O terceiro ângulo é a perspectiva individual, onde os indivíduos têm um plano de ação de desenvolvimento pessoal projetado para atender às suas próprias aspirações de carreira no contexto de atender às necessidades da organização como um todo.

A chave para nosso processo de gestão de talentos é sua forte ligação com nosso sistema de gestão de desempenho, que está alinhado com nossa ideais de liderança corporificados pelo programa Mahindra Rise. Nosso processo de gestão de talentos ganha vida por meio de uma rede de Conselhos de Talentos, tanto no nível de negócios quanto funcional, supervisionados pelo Conselho de Talentos da Apex, que é presidido por Anand Mahindra, o Presidente do Grupo. Isso é fundamental para nossa abordagem holística.

Há um total de 10 desses Conselhos, incluindo o Conselho Apex. Esses conselhos consistem principalmente de líderes empresariais, com o processo sendo facilitado A chave para o nosso processo de gestão de talentos é sua forte ligação com nosso sistema de gestão de desempenho, que está alinhado aos nossos ideais de liderança incorporados pelo programa Mahindra Rise. Nosso processo de gestão de talentos ganha vida por meio de uma rede de Conselhos de Talentos, tanto no nível de negócios quanto funcional, supervisionados pelo Conselho de Talentos da Apex, que é presidido por Anand Mahindra, o Presidente do Grupo. Isso é fundamental para nossa abordagem holística.

Há um total de 10 desses Conselhos, incluindo o Conselho Apex. Esses conselhos são compostos em grande parte por líderes de negócios, com o processo sendo facilitado pelo RH, para garantir que a gestão de talentos esteja alinhada às necessidades estratégicas do negócio.

Enquanto os conselhos de negócios e funcionais se reúnem regularmente ao longo do ano, o Conselho de Talentos da Apex passa cerca de duas semanas por ano interagindo e integrando as atividades dos conselhos de negócios e funcionais. A possibilidade de movimentar talentos entre negócios, funções e geografias é uma parte importante das conversas que acontecem durante essas interações, especialmente porque a movimentação intersetorial é essencial para ganhar a experiência e a exposição necessárias para construir liderança.

Tentamos alinhar a carreira de um indivíduo com suas aspirações e pontos fortes. Esse tipo de abordagem estruturada de gestão de talentos nos permite criar uma situação ganha-ganha para a organização e para o indivíduo.

Há uma quantidade enorme de rigor em nosso processo de gestão de talentos. Nos primeiros anos, houve ceticismo e alguma resistência por parte dos líderes empresariais, que achavam que seu tempo poderia ser melhor utilizado atendendo aos imperativos do negócio em vez do talento humano. Mas, à medida que se aprofundaram no processo, começaram a perceber o imenso valor desse exercício. Hoje, a Mahindra pode reivindicar com razão que esta é uma parte vital e integrante da forma como fazemos negócios e cria vantagem competitiva nos negócios em que operamos. No entanto, esta não foi uma vitória rápida; foi uma mudança gradual de mentalidade que levou tempo.

Um desenvolvimento importante foi a criação da Mahindra Leadership University, que se concentra no desenvolvimento de liderança e capacidade de domínio em todos os níveis. A pedagogia é baseada em nossa crença nos ‘3Es’ (Experiência, Exposição e Educação), que, claro, é uma personificação da abordagem 70-20-10 de aprendizagem e nos ajuda a criar uma experiência única de ‘One Mahindra Learning’ para nossos funcionários.

Com o objetivo de sustentar um pipeline de liderança rico e robusto, criamos programas que nos ajudam a identificar talentos em um estágio inicial e a investir neles para desenvolver os líderes de amanhã. Como exemplo, no nível do Grupo, temos o Mahindra Group Management Cadre (GMC), que é um programa de liderança de elite voltado para a formação de jovens talentos selecionados nas principais escolas de negócios. Apoiamos esses jovens mulheres e homens na realização de seu potencial, proporcionando-lhes uma diversidade de experiências para moldar suas carreiras e complementando essas experiências com coaching, mentoria e insumos de conhecimento que abrangem diversas disciplinas e ambientes multiculturais. Nós os colocamos em posições-chave em todo o Grupo para alavancar suas carreiras e capacitá-los para ‘Crescer’ e deixar uma marca no Grupo.

Nos vários níveis de negócios / setor, temos programas focados, como o programa Early Leaders e o programa Young CEO, que identificam e desenvolvem funcionários de alto potencial com o objetivo de construir um pipeline de liderança desde os níveis de gestão júnior. E para líderes seniores, temos programas como o programa Mahindra Universe (um programa personalizado na Harvard Business School), que acontece todos os anos, junto com alguns outros programas muito respeitados, um dos quais é executado na Índia pela Ross School of Business.

Medindo o retorno sobre o capital humano

Hoje somos reconhecidos como tendo alguns dos melhores processos de gestão de pessoas do mundo. A Mahindra foi recentemente classificada pela Aon Hewitt como uma das 10 maiores empresas globalmente para a criação de líderes.

Nossa abordagem é investir em talentos em todos os níveis, e não nos limitar apenas a líderes seniores ou com alto potencial. Temos uma abordagem em escada para o desenvolvimento, em que intervenções relevantes são fornecidas em cada nível de gestão, desde a gestão júnior até os líderes mais antigos. Acreditamos que, enquanto as pessoas estiverem com a Mahindra, elas devem ter todas as oportunidades de serem produtivas e inovadoras e ter perspectivas de carreira empolgantes. Nossos funcionários precisam ver que muito valor está sendo agregado a eles e reconhecer que, enquanto eles estão conosco, nós os capacitamos a dar 100 por cento de si.

Também não posso exagerar a importância de investir no desenvolvimento de uma boa liderança.

E, portanto, embora seja extremamente difícil medir o retorno de curto prazo (especialmente para programas de liderança), seria um erro não fazer investimentos inteligentes em tais programas. Embora no curto prazo esses programas sejam demorados e frequentemente caros, no longo prazo – digamos, em um período de 10 anos – deve ficar claro que eles beneficiam os negócios. Afinal, uma empresa que desenvolve fortes qualidades de liderança será capaz de criar o tipo “certo” de cultura e que influencia o desempenho para criar uma vantagem competitiva sustentada de longo prazo. Para nós, esta é a ‘Cultura de Ascensão’.

Mas o treinamento e o desenvolvimento de liderança são apenas uma parte. Acho que é importante usar uma estrutura holística.

Para que o RH seja realmente bem-sucedido em possibilitar a vantagem competitiva de uma empresa, todas as alavancas de RH devem estar alinhadas. E não apenas isso deve estar alinhado, mas os líderes de RH também devem saber como equilibrar o curto e o longo prazo.

Quanto disso é ciência e quanto é arte, não sei. Mas como já fizemos no passado, sugerimos continuar experimentando.

Este artigo foi escrito por “Rajeev Dubey é presidente do Grupo de RH, Serviços Corporativos e Pós-mercado e membro do Conselho Executivo do Grupo, Mahindra Rise, Mahindra & Mahindra Ltd,”, com o título original de: “Developing leaders: Lessons from Mahindra & Mahindra” e postado em Singapore Management University, Institutional Knowledge at Singapore Management University, compartilhado por Cláudo Dipolitto e traduzido por Nei Grando.

Momento Mentoria Virtual

Fundadores de Startups têm visões diferentes sobre a ajuda de mentores. Enquanto alguns consideram a mentoria uma ferramenta essencial aos negócios, outro grupo se orgulha de não precisar de aconselhamento e incentivo de forma extrema. Mas mentoria de negócios se aplica também a líderes e gestores de empresas em geral.

Sabemos que bons mentores podem aumentar as chances de sucesso de uma empresa, especialmente em situações de alto risco como a que o mundo está enfrentando como resultado do surto de coronavírus. Principalmente mentores experientes, que passaram pela bolha das ponto.com ou pela crise financeira global no final dos anos 2000, podem ser inestimáveis ajudando Startups e PMEs a sobreviver a essa pandemia que abalou o mundo.

Se você tem um negócio ou é gestor de algum e não tinha um mentor, agora é uma boa hora para conseguir um, considerando que mais mentores estão disponíveis atualmente, já que tudo está se movendo on-line para que as pessoas tenham mais tempo livre.

Atualmente os empreendedores devem reequilibrar suas finanças, gerenciar suas despesas com habilidade e considerar dois cenários, um melhor e outro ruim, um onde o mercado volta ao “normal” em breve … outro que demora bem mais. Mesmo os “grandes otimistas”, precisam buscar equilíbrio conversando com alguém que é mais experiente e “realista”, contrabalançando a visão dos otimistas para tomarem decisões mais assertivas.

As Startups devem se preparar para situações em que possam perder suas receitas, com a visão de que, o que não mata, fortalece – tendo ainda em mente, que enquanto vivos, sempre haverá um amanhã. Assim, em casos estremos, se a sua Startup atual não deu certo, talvez seja a hora de analisar por que não deu certo e como pode-se fazer melhor da próxima vez, pois o maior valor que um fundador acrescenta neste caso é o aprendizado da experiência. O mesmo se aplica a PMEs.

Afinal, são apenas negócios, e negócios são como esportes e devem ser vistos dessa maneira. Se perdemos um jogo, nos preparamos para o próximo. Este tipo de mentalidade ajuda os(as) empreendedores(as) não levarem isso tão a sério.

Nesse sentido, se a empresa está bem ou mal, com um bom mentor pode ficar melhor, e se chegar a uma situação extrema como a explicada acima, com certeza um bom mentor poderá tranquilizar, mostrar que a vida continua e que o aprendizado será semente para o próximo plantio.

Aos mentores, é importante comunicar aos mentorados que vocês estão disponíveis para eles.

  • Seja intencional em preservar a continuidade no relacionamento. É uma boa hora para conexão virtual.
  • Reconheça o que está acontecendo e inicie um diálogo sobre a situação atual (o problema).
  • Compreenda e honre suas emoções e as emoções de seu mentorado(a), incluindo o leque de reações que podem ser expressas.
  • Seja comunicativo(a). Relacionamentos saudáveis ​​e de apoio são cruciais durante esse período, pois nos ajudam a lidar com as emoções.
  • Forneça valor, de o melhor de si, mas não esqueça de alguma forma capturar valor, pois se você não se der valor, ninguém dará.

Ao longo dos anos, com relação ao negócio tenho me deparado em Mentoria com: Incertezas técnicas, incertezas mercadológicas, questões societárias, falta de alternativas e prioridades na tomada de decisão, falta de visão de possibilidades estratégicas, falta de visão do todo no modelo de negócio, entendimento do tipo e mercado para o próprio negócio, questões sobre o como atingir os potenciais clientes, maturidade do produto e principalmente financeiras em quando e como buscar investimento, financiamento ou fomento. Falta das capacidades necessárias para executar ou profissionais qualificados, etc. Negócios são complexos não podemos os ver sem considerar isto. Por outro lado questões pessoais, emocionais e sentimentais do empreendedor estão mais no campo do coaching, apoio/incentivo de “amigo” ou até mesmo indicação de apoio terapêutico em casos extremos.

E torça para que a retomada econômica, que está inciando, seja breve e efetiva.

Um grande abraço, @neigrando

Sobre o autor:

Nei Grando é diretor executivo da STRATEGIUS, teve duas empresas de tecnologia, é mestre em ciências pela FEA-USP com MBA pela FGV, organizador e autor do livro Empreendedorismo Inovador, é mentor de startups e atua como consultor, professor e palestrante sobre estratégia e novos modelos de negócios, inovação, organizações exponenciais, transformação digital e agilidade organizacional.

Detalhes: aqui, Contato: aqui.

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Empresas e Negócios na Nova Economia

Quando se trata de negócios, do presente e principalmente do futuro estamos falando de incerteza, complexidade, ciência, tecnologia, pessoas, mercado e tantas outras coisas, que juntas podem tornar-se um grande enigma, uma grande questão.

Assim, para nossa reflexão, segue a primeira pergunta:

O que é o futuro?

Podemos passivamente pensar o futuro como algo misterioso, desconhecido, difícil de prever,  arriscado, assombroso e até mesmo assustador. Por outro lado, podemos vislumbrar o futuro a partir de problemas e necessidades atuais, sinais presentes e tendências tecnológicas, bem como comportamentais e de consumo, e assim, proativamente cria-lo. Ou seja, o futuro desejado começa a ser trabalhado no presente.

Quando olhamos à nossa volta, reconhecemos o que não faz parte da natureza, como por exemplo, um prédio na avenida Paulista, que um dia foi apenas um pensamento na mente de alguém. Com base em seus conhecimentos e experiências, esse(a) arquiteto(a) imaginou e criou um primeiro esboço, depois trocando ideias com interessados foi melhorando sucessivamente até chegar a uma planta, depois uma maquete e finalmente um projeto que entregou nas mãos dos encarregados das diversas engenharias e da construção para fazerem acontecer o prédio. Sim, isto é “criar o futuro”.

Quando um(a) cientista faz pesquisas na literatura, em campo ou em laboratório, geralmente tem um objetivo em mente e perguntas a responder. Ao trabalhar duramente, ao longo do tempo, na busca de respostas para estas perguntas e chegar a uma conclusão, ele(a) está preparando algo especial que também poderá mudar significativamente o futuro de muitas pessoas. E isso também ocorre com artistas, designers, publicitários, pessoal de mídia e muitos outros profissionais, pois criar e “construir o futuro” faz parte da natureza humana.

Seguindo esta linha, vem a segunda pergunta:

O que é um negócio?

Na essência, podemos dizer que um negócio é um tipo de transação que facilita a troca de valor. Isso provavelmente começou com a troca de um bem por outro bem ou de um bem por um serviço. Depois inventaram a moeda ($) para facilitar as trocas. Em outras palavras, um negócio nos possibilita vender coisas, fazer ou construir coisas (produtos e/ou serviços) e entregar coisas. Além disso, em um negócio pagamos impostos e taxas, fazemos controles contábeis e financeiros etc.

Depois, fazer negócios evoluiu. Vender coisas tornou-se criar demanda, com vendas, marketing, publicidade, desenvolvimento de produtos e serviços ao cliente, … envolvendo conceitos como proposição de valor, canais de distribuição, mercados e segmentos de clientes. Por outro lado, ao criar demanda teremos que atendê-la entregando os produtos e/ou serviços ao cliente e usuário. Isso requer processos (atividades), recursos como tecnologia, pessoas e dinheiro, além de parcerias de negócio com fornecedores e outros interessados.

Ultimamente as empresas têm explorado novas estratégias competitivas e colaborativas, bem como novos modelos de negócios, principalmente as digitais. Um destes modelos tem se destacado, por atuar uma forma um pouco diferente no ecossistema de valor e negócios, conseguindo um crescimento fora do comum. Trata-se do modelo de negócios plataforma – que permitiu o surgimento de tantos Unicórnios, ou seja, negócios startup que, em menos de 10 anos de existência, atingiram valor de mercado acima de um bilhão de dólares.

Isto nos leva a terceira questão:

como será o futuro dos negócios_

Como será o futuro dos negócios? 

A meu ver, estamos vivendo um momento de transição, de uma Sociedade Industrial do Século XX para uma Sociedade da informação, conhecimento e serviços do século XXI. Agora  estamos, cada vez mais, trabalhando em rede, com foco no cliente, com uma visão de demanda, administrada com mais flexibilidade e autonomia.

Trata-se de uma Nova Economia, cada vez mais digital, mais criativa, mais compartilhada, mais colaborativa, mais circular.

Eessa nova economia, está mais volátil – com um ritmo mais veloz; mais incerto – pois está mais difícil se prever como será tomar decisões e agir; mais complexo – com múltiplos fatores/variáveis que influenciam simultaneamente o ambiente e a tomada de decisão; e mais ambíguo – pois falta de clareza sobre o significado dos eventos, gerando confusão sobre o paradigma de causa e efeito, que nos explicava os acontecimentos. Isso tem exigido dos líderes flexibilidade em relação às mudanças, habilidades para ver através do caos, conhecer melhor as capacidades e possíveis estratégias, e coragem para enfrentar os desafios e tomar decisões.

Com a Internet e a globalização, a ciência se tornou mais colaborativa e veloz, novas tecnologias se tornaram presentes como a computação em nuvem (cloud computing), a mídia social, a mobilidade via notebooks, tablets e celulares, e devido ao volume e variedade dos dados, surgiram soluções Big Data. Além dessas, outras tecnologias estão emergindo como a Inteligência Artificial – com aplicações que usam algoritmos e técnicas de aprendizagem de máquina e redes neurais; realidade virtual – que nos permite visitar outros lugares, aprender ao mesmo tempo que nos divertimos; realidade aumentada – que amplia nosso campo de visão com informações relevantes; internet das coisas – que além de prover sensores que fornecem  informações a uma quantidade enorme de aplicações industriais e domésticas, tem possibilitado a criação de dispositivos vestíveis que podem monitorar e atuar sobre nosso corpo e saúde entre outras aplicações; blockchain – que facilita o desenvolvimento de aplicações distribuídas, criptomoedas, contratos inteligentes e muito mais; etc. Tudo isso afetando o mundo dos negócios e colocando líderes e gestores sob muita pressão, pois precisam estar acompanhando não só as mudanças que já estão acontecendo, mas também as tendências de consumo e comportamento de uma sociedade que também evoluiu.

Os colaboradores das diversas gerações presentes na empresa continuam a demandar visão, propósito e direção a seguir de seus líderes para suas equipes, com mais autonomia e menos comando e controle. Também sabem que precisam se reciclar e adquirir novas habilidades para poder atender as novas demandas que estão vindo por aí, bem como a automação cada vez mais presente e mais inteligente.

As grandes empresas começaram a entender a importância de um melhor relacionamento com seus consumidores finais.  Estão buscando trabalhar a cultura, a estratégia, estrutura, modelos de negócio e processos na direção digital, desejando prover mais produtos e serviços a seus clientes, a qualquer hora, acessíveis via qualquer dispositivo, e em qualquer lugar. Começaram a se envolver mais com o ecossistema de valor e de negócios a sua volta, muitas inclusive já estão provendo plataformas digitais e marketplaces para agregar mais valor e se tornarem mais competitivas.  Outras empresas utilizam-se destas plataformas como fornecedoras, ou como consumidoras, ou até mesmo nos dois sentidos. E os usuários finais de produtos e serviços em seus smartphones, tablets e computadores pessoais agora as acessam e tomam decisões de compra com poucos toques ou cliques.

Enfim, o futuro dos negócios envolve tudo isso e muito mais – e em muitos casos já está acontecendo no presente.

E você, o que me diz sobre o futuro dos negócios? Comente!

Observação: Este artigo foi publicado originalmente, por mim, no blog do Futuro dos Negócios em duas partes, com os títulos: “Decifra-me ou te devoro – 1: o futuro e os negócios” e “Decifra-me ou te devoro – 2: como será o futuro dos negócios?“.

Se gostou, por favor, compartilhe! Abraço, @neigrando

Sobre o autor:

Nei Grando é diretor executivo da STRATEGIUS, teve duas empresas de tecnologia, é mestre em ciências pela FEA-USP com MBA pela FGV, organizador e autor do livro Empreendedorismo Inovador, é mentor de startups e atua como consultor, professor e palestrante sobre estratégia e novos modelos de negócio, inovação, organizações exponenciais, transformação digital e agilidade organizacional.

Detalhes: aqui, Contato: aqui.

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