Posição do Brasil nos Índices Globais de Empreendedorismo, Inovação e Competitividade

Introdução

Tenho procurado acompanhar com interesse o que está ocorrendo na economia brasileira, principalmente respeito de empreendedorismo, inovação e startups de tecnologia. Recentemente o Felipe Matos, um dos autores do livro Empreendedorismo Inovador, e autor do livro 10.000 startups, escreveu em Link (2017) sobre o atraso do Brasil em inovação no qual compara o Brasil com a Estônia e conta sobre o evento Startup Nations Summit, que reúne anualmente líderes e representantes de 70 países na área de empreendedorismo e startups e que este ano aconteceu em Tálin, capital de Estônia. No artigo ele descreve uma situação burocrática que enfrentou ao montar uma empresa no Brasil. Além da burocracia e pontos abordados no artigo, outros critérios devem ser considerados na avaliação. Este artigo apresenta a posição do Brasil nos rankings mundiais mais conhecidos.

Imagem - GII 2017

Indíce Global de Empreeendedorismo (GEI)

Em 1 de dezembro de 2017, saiu o Índice Global de Empreendedorismo (GEI) 2018, que avalia a situação de 137 países. Nesta edição o índice fornece informações importantes para formuladores de políticas e líderes governamentais em todo o mundo para fortalecer seus ecossistemas digitais e promover o empreendedorismo de alto crescimento e alto impacto. O novo relatório mostra que os Estados Unidos continuam sendo o país com as condições mais favoráveis ​​para que os empreendedores comecem e escalem novas empresas – mas com um déficit lento, à medida que outros países aumentam seu apoio.

Os autores estimam que a melhoria de 3 por cento nos escores ao longo do ano passado pode aumentar mais de US$ 7 trilhões para a economia global – à medida que os países trabalham para melhorar as condições que ajudam os empreendedores a criar novas empresas.

A metodologia em que os dados contidos no relatório deste índice se baseia, foi validada por uma rigorosa revisão por pares acadêmicos e tem sido amplamente divulgada na mídia, incluindo The Economist, The Wall Street Journal, Financial Times e Forbes. A pesquisa do Instituto foi financiada pela União Européia, o Banco Mundial e grandes corporações e bancos em todo o mundo. O GEI considera 14 componentes (pilares) do sistema de empreendedorismo: percepção de oportunidade, habilidades startup, aceitação de risco, networking, suporte cultural, motivação por oportunidade, absorção de tecnologia, capital humano, competição, inovação de produto, inovação de processo, alto crescimento, internacionalização, e risco de capital.

O topo dos rankings foi dominado por países no estágio de desenvolvimento orientado pela inovação. Os Estados Unidos conseguiram uma pontuação de 83,6 – que é um ligeiro aumento de sua pontuação de 83,4. Seguiu-se (por ordem): Suíça (80,4), Canadá (79,2), Reino Unido (77,8), Austrália (75,5), Dinamarca (74,3), Islândia (74,2), Irlanda (73,7), Suécia (73,1) e França (68,5). A França mudou-se para o top 10, saltando do 13º ao 10º lugar no ranking deste ano, derrubando a Holanda até o 11º lugar.

O Reino Unido desfrutou de um salto no ranking, passando do oitavo no relatório do ano passado, para o quarto em 2018, o movimento aumentou sua pontuação de 71,3 para 77,8. A Índia (28,4) teve o maior salto no ranking do ano passado, subindo 29 pontos de 2016 a 2017, pousando no 69º – e subindo mais um ponto em 2018 para o 68º.

Índice Global de Empreendedorismo

Global Entrepreneurship Index 2018

Como podemos ver na imagem, o Brasil ficou com a posição 98º no ranking global, do total de 137 países. Mas não é só neste índice que estamos tão atrás de outros países, principalmente nos últimos anos, conforme podemos ver a seguir.

Índice de Competitividade Mundial (WCY)

Segundo o artigo da Fundação Dom Cabral (2017), o Brasil ocupa a 61ª colocação dentre as 63 nações mapeadas pelo Índice de Competitividade Mundial 2017 (World Competitiveness Yearbook) do International Institute for Management Development (IMD).  O Brasil teve uma queda de quatro posições em relação ao ano de 2016 e em sete anos perdeu 23 posições. A análise considera quatro fatores, cada qual composto por cinco subfatores. Os fatores são: desempenho da economia, eficiência do governo, eficiência empresarial e infraestrutura. O Brasil atraiu muita atenção devido ao tamanho e potencial de sua economia. Membro dos chamados países do BRICS, o Brasil ficou em 40º lugar em 2001. Devido a questões internas e globais, essa expectativa nunca se concretizou. Em 2017, o Brasil caiu para o 61º lugar entre 63 países estudados. Em 2018 o Brasil, conforme IMD (2018), subiu uma posição, ocupando a 60ª colocação. 

2018 IMD World Competitiveness Ranking

Relatório Global de Competitividade 

No ranking mundial de competitividade do Fórum Econômico Mundial – GCI (2018),  temos o Brasil na posição 72 de 140 países em 2018 (posição 75 de 140 países em 2016), considerando 98 indicadores agrupados em 12 pilares competitivos, que em sua versão 4.0 são: instituições; infraestrutura; adoção de TIC; estabilidade macroeconômica; saúde; habilidades; mercado de produtos; mercado de trabalho; sistema financeiro; tamanho do mercado; dinamismo empresarial; e capacidade de inovação.

Índice Global de Competitividade

Global Competitiveness Index 2018

Índice Global de Inovação (GII)

O GII (2017), relatório Índice Global de Inovação, visa capturar as facetas multidimensionais da inovação e fornecer as ferramentas que podem auxiliar na adequação de políticas para promover o crescimento do produto a longo prazo, a melhoria da produtividade e o crescimento do emprego. Seus 81 indicadores exploram uma ampla visão de inovação, incluindo ambiente político, educação, infraestrutura e sofisticação empresarial. Neste índice, temos o Brasil na posição 69 de 127 economias em 2017. No GII (2018), temos o Brasil na posição 64 de 126 economias em 2018. Em 2020 o Brasil fica na posição 62 em Índice Global de Inovação, que avalia 131 países – GII (2020).

Concluindo

Em comparação com outros países em desenvolvimento, o Brasil tem um sistema de inovação relativamente bem desenvolvido e uma infraestrutura científica favorável. Possui várias universidades bem posicionadas no ranking mundial, um papel crescente na produção do conhecimento mundial e uma estrutura econômica diversificada. No entanto, do ponto de vista da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o país ainda enfrenta muitos desafios na promoção da ciência e tecnologia e na criação de um ambiente mais adequado para a inovação. (GII, 2017).

Para quem quer se aprofundar e saber um pouco mais do que ocorre no Brasil e o porque destas posições nos índices, vale a pena acessar os relatórios das referências.

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Sobre o autor:

Nei Grando é diretor executivo da STRATEGIUS, teve duas empresas de tecnologia, é mestre em ciências pela FEA-USP com MBA pela FGV, organizador e autor do livro Empreendedorismo Inovador, é mentor de startups e atua como consultor, professor e palestrante sobre estratégia e novos modelos de negócio, inovação, organizações exponenciais, transformação digital e agilidade organizacional.

Detalhes: aqui, Contato: aqui.

Referências

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3 pensamentos sobre “Posição do Brasil nos Índices Globais de Empreendedorismo, Inovação e Competitividade

  1. Fiquei interessado pelas métricas, quero ver o que foi usado. Para os que conhecem os 3 mercados, é difícil acreditar que Brasil ficou atrás de Espanha e Portugal

    • Nos relatórios, cujos links forneci ao final do artigo, constam detalhes sobre os critérios e as avaliações que foram feitas. Sabemos sobre as questões burocráticas, legislação complicada, alta carga tributária, mau preparo e baixa produtividade dos profissionais, etc. O mais triste é que estamos com posições ruins nos quatro índices que apresentei.

  2. É muito triste saber que, precisamos de muito esforço e apoio para estar entre os 50° países com destaque empreendedor, embora sejamos criativos no campo das ideias, só isto não basta, precisamos por pratica e comprovar este processo de inovação no dia a dia.

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