Não culpe a tecnologia pelos problemas da humanidade

Uma coisa que me deixa um tanto chateado é ver pessoas usando a tecnologia, em grupos que tem em sua linha principal de visão e negócios a tecnologia, onde se fala de tendências tecnológicas, tecnologias emergentes e outras aplicadas à vida pessoal e profissional – apresentar artigos e dar ênfase apenas às criticas negativas relacionadas com o tema, como “a tecnologia tirará empregos”, “a tecnologia tem separado as classes sociais”, ou “a tecnologia tem gerado vício e depressão em redes sociais e jogos”.

O problema não está na tecnologia, que em si mesma é apenas ferramenta para aumentar a capacidade humana na resolução dos problemas mais graves da humanidade, além de facilitar a comunicação, acelerar processos de produção, facilitar a existência de novos modelos de negócio, cura para doenças, entretenimento, …

O problema está sim nas pessoas e seus excessos, na falta de equilíbrio e moderação delas, na falta de controle emocional, por deixarem-se levar simplesmente pelas emoções e seus desejos sem usar um mínimo de reflexão e racionalidade por seus próprios atos.

Toda era de transição tecnológica como estamos vivendo (vide ondas da inovação) trouxeram alguns problemas sociais e desempregos (para quem executa alguns tipos de tarefa) inicialmente, mas trouxeram muitas novas oportunidades e empregos em novas atividades profissionais.

Na realidade o que estamos vivendo é um tempo de maior complexidade, como nunca existiu.

Não podemos mais tratar os temas de forma isolada devido a interdependência que existe entre eles.

Assim temos que ampliar nosso raciocínio para além do linear, entender a floresta como um todo e não apenas as árvores isoladamente. E isso exige um certo esforço para mudar nossos próprios modelos mentais, algo que não é nada fácil.

E nesse caminho alguns valores universais continuam válidos, como gentileza, respeito e consideração. E usar de sensibilidade e empatia, pois as pessoas são mais importantes que a tecnologia.

Como profissionais, não podemos apenas destacar problemas, mas sim apresentar e desenvolver soluções centradas no humano, buscar respostas, fazer arte e ciência.

Tenho ciência de que a vida é bela, mas não é justa, principalmente para as classes menos privilegiadas, mas a meu ver, a única forma de melhorar a qualidade geral de todos numa sociedade é via educação e uma melhor gestão governamental.

Viveria a humanidade de forma melhor sem a tecnologia?

Na idade das cavernas, quase não tínhamos tecnologia, sem muitas diferenças sociais (talvez), mas como era a qualidade de vida? Quanto tempo uma pessoa vivia (em anos)?

Cá entre nós, eu e você gostamos de luz e aparelhos domésticos, de algum tipo de veículo para nos levar ao trabalho, de aparelhos celulares sofisticados (smartphone), de notebooks, filmes, jogos, … medicina avançada, …, pois isso tudo é tecnologia nos provendo qualidade de vida e facilitando a conexão entre nós.

50 invenções transformaram o mundo como o conhecemos

As chances são de que, ao ler isso em seu computador, tablet ou telefone, você esteja considerando inúmeras inovações que não existiam 200 anos atrás. Agora, contemple que cerca de 105 bilhões de pessoas andaram pelo planeta, com apenas 5,5% desse número vivo hoje. Pense na quantidade insondável de pessoas que viveram e morreram sem nunca ter usado um banheiro, geladeira ou máquina de lavar. Ou o que dizer da estimativa de que a expectativa de vida na maior parte da história humana foi de apenas 10 anos em média? É porque antibióticos, insulina e cloração da água não existiam há 100 anos.

Confira este infográfico, criado pela Aperion Care, fornecedora de reabilitação de curto prazo, enfermagem qualificada, vida assistida e instalações de vida de longa duração. Ele lista tecnologias que datam de 1850 e inclui inovações atuais e estimativas sobre quantos milhões de pessoas provavelmente viverão mais graças a coisas como inteligência artificial, nanotecnologia e drones.

Perguntas para reflexão

  • Como era a questão do trabalho e do emprego nos tempos em que quase não havia tecnologia? Na idade das cavernas? Na idade antiga? Na idade média?
  • A qualidade de vida melhorou ou piorou com a evolução tecnológica?
  • Seria só ela (a ferramenta) a culpada dos problemas humanos, ou seria a própria estrutura e funcionamento da política, economia e sociedade que tem causado as maiores dores?

Considerações finais

É claro que cabe aos inventores e as empresas refletirem e considerarem as questões éticas, sociais e ambientais relacionados aos produtos desenvolvidos e fornecidos, assim como seus usuários, que podem utilizá-las tanto para o bem quanto para o mal. Cabe também ao poder publico conhecer e regulamentar sempre que necessário.

Se gostou, por favor, compartilhe. 

Este artigo em inglês: Don’t blame technology for humanity’s problems

Sobre mim: aqui. Contato: aqui.

Abraços, @neigrando

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2 pensamentos sobre “Não culpe a tecnologia pelos problemas da humanidade

  1. Caro Nei, muito oportuno esse teu artigo e reflexão que você provoca. Ao mesmo tempo que temos que interagir com as novas tecnologias e estabelecer padrões de uso adequados para a sociedade, precisamos avançar no desenvolvimento da nossa humanidade, desenvolvendo novas formas de convergência e relacionamentos que permitam uma evolução com ganhos para todos. Isso pode parecer uma utopia nos dias atuais de polarização e individualismo exacerbados mas continuo preferindo ver o “copo meio cheio” e acreditar no ser humano. Gratidão pelos brilhantes insights que você sempre nos proporciona. Forte abraço.

    • É isso mesmo meu caro amigo Vincenzo, reflexão e pensamento crítico é o que mais precisamos nesses dias de evolução disruptiva, com novas tecnologias que nos encantam e ao mesmo tempo nos assustam. Precisamos de considerar a ética e o alinhamento de valores, bem como uma regulamentação adequada para o fornecimento e uso da inteligência artificial, pois é uma ferramenta poderosa que aumenta consideravelmente a capacidade e o poder humano, assim espero venha a ser mais utilizada para o bem social e comum do que apenas para interesses financeiros, econômicos e políticos.

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